EUTANÁSIA cuidados paliativos
EUTANÁSIA cuidados paliativos
Acompanhar no momento da morte «é um privilégio» – Irmã Ângela Coelho
Religiosa da Aliança de Santa Maria
é médica na Unidade de Cuidados Continuados, na Batalha, e
afirma que pacientes querem
«carinho, conforto e presença dos que ama, sem antecipar último momento da
vida»
“É um privilégio acompanhar o
processo de morrer: poder, pelo menos, para além da dor e higiene, libertar os
doentes da pior coisa no processo de morrer que é a solidão. Estar ali
presente, a acompanhar, é um privilégio”, indica, em declarações à Agência
ECCLESIA.
“Se todos, o Estado inclusivamente,
proporcionassem os meios de conforto e carinho, a possibilidade de os utentes
estarem próximos dos seus familiares, até em contexto de domicílio e sobretudo
em matéria de dor, creio que a eutanásia nem se colocaria”, sublinha religiosa
da Aliança de Santa Maria, congregação que tem por carisma aprofundar e
transmitir a Mensagem de Fátima.
Formada em Medicina há 25 anos, a
exercer na Unidade de Cuidado Continuados no Centro Hospitalar de Nossa Senhora
da Conceição, na Batalha, a irmã Ângela Coelho sustenta que a sociedade
transformou a morte em “tabu” e que a foi relegando para ambientes
hospitalares.
Em ambiente familiar a morte era
entendida como “um ritual, encarada com muita naturalidade, era um momento da
vida, o último”, onde todos “participavam no processo de morrer”, com a pessoa
“em contexto familiar, rodeado por outros que amava”, conferindo “um horizonte”
à última etapa da vida.
“Os cuidados paliativos são uma
realidade relativamente recente, com alguns anos, e é curioso ver quão
importante é a formação dos profissionais que trabalham em cuidados paliativos
e sentirem-se vocacionados. Não é fácil acompanhar o doente no seu processo de
morrer e na morte”, observa.
Não
gostamos de pensar na nossa morte – banimo-la do horizonte da vida – e perdemos
e empobrecemo-nos muito. A morte é que dá horizonte à vida, se nunca
morrêssemos a nossa vida seria outra coisa”.
“A experiência é que todos querem
viver”, relata.
“Aceitando o momento da morte que
chega, querem-no viver com dignidade. Quando os doentes têm satisfeitas as suas
necessidades desta fase, da fase da morte, que é o carinho, o conforto, a
ausência de dor, a alimentação, a presença dos que amam, não querem antecipar a
sua morte, querem vivê-la como o último momento da sua vida”, conclui a
religiosa.
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