BEM-AVENTURANÇAS: perseguição
B.AVENTURANÇAS: perseguição
Francisco: o caminho das Bem-aventuranças nos leva a ser de Cristo e
não do mundo
"Felizes os que são
perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino do Céus.” Esta
Bem-aventurança proclama “a alegria escatológica dos perseguidos por justiça”,
disse o Papa na catequese da Audiência Geral desta quarta-feira.
Mariangela Jaguraba - Cidade do Vaticano
Na catequese da Audiência Geral
desta quarta-feira (29/04), realizada na Biblioteca do Palácio Apostólico por
causa da pandemia de coronavírus, o Papa Francisco concluiu o percurso das
Bem-aventuranças.
“Felizes os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o
Reino do Céus.” Esta Bem-aventurança proclama “a alegria
escatológica dos perseguidos por justiça”. Segundo Francisco, ela “anuncia a
mesma felicidade que a primeira: o Reino dos Céus é dos perseguidos e dos
pobres em espírito”.
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“Pobreza em espírito, choro,
mansidão, sede de santidade, misericórdia, purificação do coração e obras
de paz podem levar à perseguição por causa de Cristo, mas, no final, essa
perseguição é motivo de alegria e grande recompensa nos céus”, sublinhou
Francisco. Para o Pontífice, “o caminho
das Bem-aventuranças é um caminho pascal que leva de uma vida segundo o mundo
para a vida segundo Deus, de uma existência guiada pela carne, ou seja, pelo
egoísmo, para uma existência guiada pelo Espírito”. E o Papa
acrescentou:
O mundo, com seus ídolos, seus
acordos e suas prioridades, não pode aprovar esse tipo de existência. As
‘estruturas de pecado, muitas vezes produzidas pela mentalidade humana, tão
estranhas ao Espírito da verdade que o mundo não pode receber, só podem
rejeitar a pobreza ou a mansidão ou a pureza e declarar a vida segundo o
Evangelho como um erro e um problema, como algo a ser marginalizado. O mundo
pensa assim: estes são idealistas ou fanáticos.
Segundo Francisco, “se o mundo vive em função do dinheiro,
qualquer um que demonstre que a vida pode ser cumprida no dom e na renúncia se
torna um incômodo para o sistema ávido. A palavra ‘fastio’ é
fundamental, pois o testemunho cristão, que faz bem a muitas pessoas, incomoda
aqueles que têm uma mentalidade mundana. Eles vivem isso como uma repreensão.
Quando a santidade aparece e a vida dos filhos de Deus emerge, nessa beleza há
algo de inconveniente que exige uma tomada de posição: ser questionado e
abrir-se ao bem ou recusar essa luz e endurecer o coração”.
O Papa frisou que “é curioso, chama a atenção ver como, nas
perseguições dos mártires, a hostilidade aumenta a ponto de incomodar”. Basta
recordar “as perseguições das ditaduras europeias do século passado: como
se chega à ira contra os cristãos, contra o testemunho cristão e contra o
heroísmo dos cristãos”.
Segundo o Papa, “devemos estar
atentos para não ler essa Bem-aventurança de maneira vitimista, de
auto-comiseração. De fato, o desprezo dos homens nem sempre é sinônimo de
perseguição: logo após Jesus diz que os cristãos são o “sal da terra” e alerta
contra o perigo de “perder o sabor”, caso contrário, o sal “não serve para mais
nada; serve só para ser jogado fora e ser pisado pelos homens”. Portanto, há
também um desprezo que é culpa nossa quando perdemos o sabor de Cristo e do
Evangelho”.
Francisco afirmou que “devemos ser fiéis ao caminho humilde das
Bem-aventuranças, porque é o que leva a ser de Cristo e não do mundo.
Vale a pena lembrar o percurso de São Paulo: quando ele pensava que era justo,
era de fato perseguidor, mas quando descobriu que era perseguidor, tornou-se um
homem de amor, que enfrentou de bom grado o sofrimento da perseguição que
sofria”.
A exclusão e a perseguição, se
Deus nos concede graça, nos fazem assemelhar a Cristo crucificado e,
associando-nos à sua paixão, são a manifestação de uma nova vida. Esta vida é a
mesma de Cristo, que para nós homens e para a nossa salvação foi “desprezado e
rejeitado pelos homens”. Acolher seu Espírito pode nos levar a ter tanto amor
no coração a ponto de oferecermos a vida ao mundo sem fazer acordos com seus
enganos e aceitando a recusa.
“Os acordos com o mundo são perigosos: o cristão é sempre tentado a fazer
acordos com o mundo, com o espírito do mundo”, disse o Papa, ressaltando
que é preciso “rejeitar os acordos e seguir o caminho de Jesus Cristo. A vida
do Reino dos Céus é a maior alegria, a verdadeira letícia”.
“Nas perseguições, há sempre a
presença de Jesus que nos acompanha, a presença de Jesus que nos consola e a
força do Espírito que nos ajuda a seguir em frente. Não desanimemos quando uma
vida coerente do Evangelho atrai as perseguições das pessoas: o Espírito nos
sustenta nesse caminho”, concluiu o Papa.
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