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CABO VERDE
Cabo Verde: Voluntários
missionários relatam impacto do isolamento social
Abr 17, 2020 - 16:48
Juliana Castro e André Alves estão em São Lourenço dos
Órgãos, onde a Covid-19 alterou os planos
Juliana Castro e André Alves vivem um ano de missão em
Cabo Verde, desde outubro de 2019, numa parceria entre o Voluntariado
Missionário Espiritano e a Sol Sem Fronteiras (Solsef), e viram agora a
Covid-19 alterar os seus planos.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, André admite que
nada os preparou para “uma situação deste género”, de confinamento e
distanciamento das populações que se tinham proposto servir.
“É uma sensação estranha, vira de cabeça para o ar
tudo o que tínhamos planeado”, assinala.
Nos planos do casal está já a possibilidade de voltar
ao arquipélago, para concluir o que começaram neste projeto de voluntariado em São Lourenço dos Órgãos, no
centro da Ilha de Santiago em Cabo Verde, onde colaboram no Jardim de Infância
Marilúcia, na promoção de aulas de inglês para a comunidade e no Curso de
Atendimento ao Público, na área de Hotelaria; a par disso, são responsáveis
pela formação de 200 jovens da paróquia para o Crisma.
Com as aulas e atividades comunitárias em suspenso,
são agora outros os desafios.
“Aqui em Cabo Verde também se está a tentar
implementar um sistema de telescola, com alguns materiais online, mas fica
muito difícil”, assinala André Alves.
“Em tempos normais, a missão funciona quase como um
Hub, onde as pessoas podem encontrar-se, até para formação”, acrescenta.
Os voluntários assinalam as “assimetrias” do país,
entre a Cidade da Praia e as comunidades do interior, destacando ainda as
diferenças com os amigos em Portugal, que “já correram o catálogo todo do
Netflix” durante o tempo de isolamento social.
Casados há dois anos, os voluntários portugueses
resolveram fazer uma “experiência em conjunto”, antecedida pela formação
necessária, junto da Fundação Fé e Cooperação (FEC), da Conferência Episcopal
Portuguesa.
Juliana Castro sublinha o impacto do isolamento numa
comunidade em que muitas famílias não têm eletricidade ou água.
“Nós temos sorte, conseguimos ver as notícias, em
Portugal também, estando a par” e mantendo contacto com as pessoas, admite.
A voluntária considera que, por parte da população
cabo-verdiana, houve noção do risco e da necessidade de ficar em casa, “a
palavra de ordem que passa em todo o lado”, com polícias na rua e anúncios na
TV para lavar as mãos e manter o isolamento social.
“O povo cabo-verdiano é um povo que está habituado a
estar na rua, a trabalhar nos campos, a vender nas ruas”, assinala, pelo que
vai ser difícil para as pessoas que têm de manter o seu sustento.
Com o arquipélago em estado de emergência devido à
covid-19 desde 29 de março, o presidente de Cabo Verde declarou esta
quinta-feira que vai pedir a renovação da medida, mas de forma diferenciada
entre ilhas.
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