SANTIDADE: amar na simplicidade de Deus

SANTIDADE: amar na simplicidade de Deus por P. Armando Soares
in A ORDEM 
Deus e o próximo
A situação desesperada que vivemos com o novo coronavírus fez-me lembrar os números 100 e 101 da Gaudete et Exsultate do Papa Francisco, em que ele acentua a santidade na dimensão do amor ao próximo. Com efeito, refere o Papa Francisco que, por um lado, erram os cristãos que separam as exigências do Evangelho do seu relacionamento pessoal com Cristo.
Assim transforma-se o cristianismo numa espécie de ONG, privando-o daquela espiritualidade irradiante que viveram e manifestaram São Francisco de Assis, Santa Teresa de Calcutá e muitos outros. Mas a estes grandes santos, nem a oração, nem a leitura do Evangelho diminuíram a paixão e a eficácia da sua dedicação ao próximo; antes pelo contrário. (GE, 100)
Por outro lado, «erram as pessoas que vivem considerando o compromisso com os outros como algo de superficial, mundano, secularizado, comunista, populista». 

Defender a vida
Se defendemos a vida do nascituro, porque está em jogo a dignidade da vida humana, sempre sagrada, e exige-o o amor por toda a pessoa, igualmente sagrada é a vida dos pobres que já nasceram e se debatem na miséria, no abandono, na exclusão, no tráfico de pessoas, na eutanásia de doentes e idosos privados de cuidados, nas novas formas de escravatura, e em todas as formas de descarte.»  (Documento de Aparecida, 388 de 29 de junho de 2007).
«O ideal de santidade e do amor ao próximo não pode ignorar a injustiça deste mundo, onde alguns «gastam folgadamente e reduzem a sua vida às novidades do consumo, ao mesmo tempo que outros se limitam a olhar de fora enquanto a sua vida passa e termina miseravelmente» (GE, 101).

Remover pedras
No Evangelho Jesus mostra-nos como tratar o outro. Na ressurreição de Lázaro, deixou um convite a removermos de nossos corações as pedras que falam de morte, da falta de amor, como “a hipocrisia na maneira como vivemos a fé, a crítica destrutiva, a ofensa, a calúnia, a marginalização do pobre”.
Ao ver em prantos Marta e Maria, Jesus chorou e, “comovido, vai ao túmulo, agradece ao Pai que sempre o escuta, manda abrir o sepulcro e exclama com voz forte: “Lázaro, vem para fora!” E Lázaro saiu…
Jesus ouviu o grito daquelas irmãs como ouve o de todos nós perante este grande sofrimento do covid-19. “Se tivesses estado aqui!…”! E a resposta de Deus não é um discurso, não, a resposta de Deus ao problema da morte é Jesus: “Eu sou a ressurreição e a vida… Tenham fé! No meio do choro continuem a ter fé, ainda que pareça que a morte tenha vencido. Removam as pedras do coração! 
Jesus fez sua a nossa dor. Cada um de nós deve ser próximo daqueles que estão sofrendo, tornando-se para eles um reflexo do amor e da ternura de Deus, que liberta da morte e faz vencer a vida.

As coisas simples
No Evangelho de Lucas (Lc 4, 24-30): a gente de Nazaré gostava de ouvir Jesus. Mas, alguém disse: “Quem é ele? Não é o filho do carpinteiro José?! E o povo indignou-se. 
As pessoas pensavam que Deus se manifestasse somente nas coisas fora do comum, em milagres. E Deus age sempre na simplicidade da casa de Nazaré, na simplicidade do trabalho de todos os dias, …
O espírito mundano nos leva à vaidade, às aparências e ambas acabam na violência. O povo da sinagoga começa a esquentar-se e toma a decisão de assassinar Jesus, e o expulsam. A indignação é a atitude dos soberbos, daqueles que vivem com a ilusão de ser mais do que aquilo que são e mais do que os outros. 
Isso pode acontecer também connosco: escandalizar-me de coisas que são a simplicidade de Deus, a simplicidade dos pobres. 
O povo na sinagoga de Nazaré indignou-se porque não entendia a simplicidade do nosso Deus

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