COVID-19 Frei Piergiacomo
COVID-19 Frei Piergiacomo
Um anjo com hábito para curar
almas dentro do hospital
O
frade capuchinho, junto a quatro dos seus coirmãos, não se cansa de percorrer
as alas do Hospital Papa João XXIII, em Bérgamo, na Itália, para dar esperança
aos médicos e enfermeiros, mas sobretudo aos doentes: "ficam felizes
quando descobrem que debaixo do jaleco e atrás da máscara, se esconde um religioso.
Até se reanimam e entendem que a nossa presença representa que Deus está com
eles”, afirma Frei Piergiacomo em entrevista ao Vatican News.
Federico Piana, Andressa Collet
– Cidade do Vaticano
No Hospital
Papa João XXIII, em Bérgamo, cidade ao norte de Milão, na Lombardia – a região
mais afetada pela emergência do coronavírus, os anjos têm rosto de médicos,
enfermeiros e de frades capuchinhos que todos os dias levam conforto e
esperança aos doentes de Covid-19, colocando em risco a própria vida. Entre
eles está o Frei Piergiacomo, junto a seus quatro coirmãos.
O grupo percorre todas as alas
do hospital para dar uma palavra de solidariedade, para fazer uma oração: “não
fazemos só com os doentes”, explica o frade, “mas com todos os funcionários da
estrutura: dos enfermeiros àqueles da limpeza. A nossa presença quer realmente
ser uma proximidade orante”. Muitas vezes, conta Frei Piergiacomo em entrevista
ao Vatican News, são os próprios profissionais da saúde que buscam esse apoio.
Frei Piergiacomo – “Sim.
Às vezes são as enfermeiras-chefes que nos chamam para ir até os colegas: assim
nos reunimos alguns minutos para rezar uma Ave Maria ou um Pai Nosso. Neste
período de pandemia, infelizmente, podemos entrar poucas vezes nas unidades de
terapia intensiva e nas alas que recebem infectados por causa da escassez dos
equipamentos de proteção. Mas, estamos sempre prontos para as urgências: levar
o óleo sagrado a quem está morrendo.”
Vocês não deixam de ir nem ao
necrotério onde nenhum dos familiares das vítimas pode ir para se despedir...
Frei Piergiacomo – “Sempre
tem um frade que, todos os dias, oferece uma oração e uma bênção aos mortos que
estão ali. E, se não estão os parentes para chorar os próprios queridos
defuntos, geralmente estão os médicos e os enfermeiros: eu vi muitos se
padecerem de dor, os mesmos que acompanharam à morte quem não conseguiu
resistir à pandemia.”
Embaixo do jaleco,
esperança e fé
Como reagem os doentes que
recebem esse conforto?
Frei Piergiacomo – “Antes
de mais nada, eles estranham um pouco, porque depois de muitos dias internados
veem uma pessoa que não é nem médico e nem enfermeiro. Ficam felizes quando
descobrem que, embaixo do jaleco e atrás da máscara, se esconde um religioso.
Eu os vejo inclusive um pouco reanimados, e entendem que a nossa presença
representa o fato que Deus está com eles e próximo no sofrimento, como o bom
samaritano. Quando posso, peço-lhes também a possibilidade de conceder a unção
dos enfermos, que representa uma consolação no momento da provação.”
Alguém consegue também fazer a
confissão?
Frei Piergiacomo – “Não,
porque falta o caráter confidencial. Geralmente, dizemos a eles para fazer um
ato de profunda contrição e uma oração de arrependimento com o propósito, de
quando a emergência terminar, de ir se confessar com um sacerdote. Esperamos
que aconteça logo.”
Comentários
Enviar um comentário