Trabalhadores: salário digno e justo na Casa Comum
Trabalhadores: salário digno e justo na Casa Comum
26
Abril, 2020 JM-259
D.R.
Dia Mundial
Comemora-se no 1º dia de maio
o “Dia Mundial dos Trabalhadores”, tendo como referência a greve geral
desencadeada no dia 1 de maio de 1886, em Chicago, nos Estados Unidos, que foi
assumida posteriormente como data de luta pelos direitos da classe
trabalhadora.
Continuar com as lutas de
todos os trabalhadores por uma “vida digna” para todas as pessoas, expressa em
jornadas de trabalho digno, em salários justos e em condições legais e humanas
nos vários ambientes de trabalho é o compromisso do Movimento dos trabalhadores
católicos (MMTC), dizem em Comunicado.
“Reina um capitalismo
selvagem, que privilegia a nova ordem geopolítica mundial de domínio do capital
financeiro e Empresas Multinacionais. Isto “precariza direitos laborais,
explora os recursos naturais e culturais dos nossos povos, aumenta as migrações
forçadas e implementa políticas e estratégias de exclusão, marginalização,
criminalização e morte.
É evidente a destruição da
nossa Casa Comum e um roubo da dignidade das pessoas criadas à imagem do Deus
da Vida.
O Papa Francisco denuncia
todas as “novas formas de escravidão” a que estão submetidos milhões de homens,
mulheres, jovens e crianças, “milhões de migrantes vítimas de interesses
ocultos. Critica a “escandalosa indigência” de alguns e aponta a
urgência de quebrar com o ciclo de desigualdade e injustiça social que marcam a
sociedade atual.
“A riqueza do mundo está hoje nas mãos
de uma minoria, enquanto a pobreza, a miséria, o sofrimento tocam a vida da
maioria”, assinalou.
A Igreja e o trabalho
A questão do trabalho está nas
origens do que chamamos hoje de Doutrina Social da Igreja (DSI).
Em 1891, o Papa Leão XIII,
manifestou-se sobre a chamada “questão operária”, numa época em que se começava
a distinguir duas classes antagónicas: patrão e operários. Na encíclica
“Rerum Novarum (RN), definiu o trabalho como uma atividade humana destinada a
prover às necessidades da vida (RN 6).
Em 1981, o Papa João Paulo II
publicou a encíclica ‘Laborem Exercens” (LE), sobre o trabalho. Definiu o
princípio ético de que o trabalho é para o homem, não o homem para o trabalho,
criticando o materialismo económico no qual o homem é tratado como instrumento
de produção.
O trabalho humano é uma
vocação para transformar o mundo e humanizar a sociedade. O homem aperfeiçoa-se
através do trabalho quando o torna meio de santificação, de oração e de
participação na obra da criação e da redenção.
Não se pode separar o trabalho
e o capital, nem mesmo contrapor um ao outro, muito menos ainda colocar o
capital acima do trabalhador.
A riqueza adquirida deve ser
posta à disposição de todo o homem. Este princípio pressupõe a retribuição
justa pelos serviços prestados pelo trabalhador. O Papa alerta para o salário
digno e justo para atender às necessidades do agregado familiar.
Um mundo com mais recursos
O Papa Francisco, falando perante
ministros, banqueiros e economistas de vários países, defendeu que o mundo tem
recursos económicos e financeiros suficientes para erradicar a pobreza.
“Um mundo rico e uma economia
vibrante podem e devem acabar com a pobreza. É possível gerar e promover
dinâmicas capazes de incluir, alimentar, cuidar e vestir os últimos da
sociedade, ao invés de excluí-los”, disse no Simpósio ‘Novas formas de
fraternidade solidária, de inclusão, integração e inovação’, em Roma.
Francisco referiu que, num
mundo cada vez mais rico, os “pobres aumentam”, apelando a um “olhar solidário
a partir dos bancos, das finanças, dos governos e das decisões económicas”.
“Precisamos de muitas vozes
capazes de pensar as várias dimensões de um problema global que diz respeito
aos nossos povos e às nossas democracias”, enfatizou.
Evocou as centenas de milhões
de pessoas que vivem na pobreza extrema, sem alimento, habitação, assistência
médica, escolas, eletricidade ou água potável.
Modelo alternativo de vida
A partir das nossas raízes
culturais, alcançaram-se bons resultados na Defesa e Promoção da Vida, nos
nossos territórios e na nossa Mãe Terra.
Com um enfoque no
agro-ecológico sustentável e no equilíbrio e harmonia com a Mãe natureza,
promovendo diversas estratégias familiares e comunitárias de produção agrícola,
pecuária, de pequena indústria, do cooperativismo, dos serviços mutuais e de
comercialização coletiva dos excedentes, através dos múltiplos mercados
solidários.
A partir desta experiência
sectorial, familiar e comunitária renovamos princípios e valores que
fundamentam o direito à “Terra, ao Teto e ao Trabalho”, e a consciência de que
outro mundo é possível fundamentado no Ser-Humano e na Mãe Terra, acima do
capital e do mercado.
O comunicado lembra o
compromisso assumido no Seminário e Assembleia Geral de Ávila, Espanha, em
2017: “Contribuir a partir do local, nacional e internacional na Dignificação
da Vida da Classe trabalhadora e na construção de uma Mesa e uma Casa Comum, em
Justiça e Solidariedade”.
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