PANDEMIA «nunca vi nada assim»
PANDEMIA «nunca vi nada assim»
De motoristas a dentistas, pedidos de ajuda ao Banco Alimentar disparam
Isabel Jonet, presidente do Banco Alimentar, há 27 anos. |
A presidente do Banco Alimentar Contra a Fome
diz que por causa da pandemia de Covid-19 "há pessoas que no frigorifico
têm apenas restos". "Estou há 27 anos no Banco Alimentar e nunca vi
nada assim”, lamenta Isabel Jonet à Renascença. Número de pedidos de ajuda
nesta altura chega aos 55 mil.
A presidente do Banco Alimentar Contra a Fome, Isabel Jonet, disse este
domingo (26/04) à Renascença que
“nunca viu nada assim”, referindo-se ao aumento dos pedidos de ajuda à
instituição no contexto da pandemia de Covid-19, que neste momento já chegaram a 55 mil.
"Estamos a falar de 11.500 novos pedidos de apoio alimentar só este
domingo de manhã. E isto são agregados familiares. Portanto, estimo que sejam à
volta de 55 mil pessoas que se dirigiram à rede de emergência” desde a chegada
do novo coronavírus a Portugal, explica.
São pedidos “desesperados” de pessoas que viram as suas vidas viradas do
avesso por causa da pandemia de Covid-19. São os novos pobres, desde manicures
a motoristas, adianta a presidente do Banco Alimentar.
"São pessoas de profissões muito, muito diversas. Desde os
motoristas de taxi ou de Uber, pessoas que trabalham em ginásios,
fisioterapeutas, dentistas, trabalhadores de circos ambulantes, feirantes,
cabeleireiras, manicures, pessoas das profissões ligadas ao turismo. E aquilo
que temos hoje é um grande número de pessoas que, de repente, não têm qualquer
rendimento ou remuneração."
Pessoas que, segundo Isabel Jonet, atravessam situações de grande
fragilidade e, até, de fome.
"Graças às instituições de solidariedade social e às juntas de
freguesia e autarquias, que no terreno têm apoiado com grande, grande
solidariedade, penso que temos conseguido minorar o sofrimento destas pessoas.
Mas há muitas pessoas que nos chegam hoje ao Banco Alimentar que dizem estar há
mais de dois dias sem conseguir nada, no frigorifico têm apenas restos. São
situações reais, muito, muito duras. Estou há 27 anos no Banco Alimentar e nunca
vi nada assim”, lamenta.
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