COREIA DO SUL Papa Francisco fala aos religiosos que "vivem como ricos"

COREIA DO SUL
Papa Francisco fala aos religiosos que "vivem como ricos"

Papa Francisco critica hipocrisia dos religiosos que vem “vivem como ricos”
iBergoglio falou a 4 mil membros de comunidades religiosas sul-coreanas
16/08/2014 | 15h59

A visita de Francisco ao país termina na segunda-feiraFoto: KIM HONG-JI / AFP

"A hipocrisia dos homens e mulheres consagrados que professam o voto de pobreza e, contudo, vivem como ricos, danificam a alma dos fiéis e prejudicam a Igreja", disse neste sábado o papa Francisco a 4 mil membros das comunidades religiosas sul-coreanas, no centro católico para pessoas com mobilidade reduzida de Kkottongnae, que fica a 100 quilômetros ao sul de Seul. 
O papa advertiu para "o perigo que constitui o consumismo em relação à pobreza da vida religiosa", num país que alcançou um rápido progresso material nas últimas décadas. Falou também sobre a castidade, expressando "a entrega exclusiva ao amor de Deus", numa alusão a sectores que defendem o desaparecimento do celibato na Igreja Católica.
– Todos sabemos quanto exigente é [a castidade] e o compromisso pessoal que comporta. As tentações neste domínio requerem humildade e confiança em Deus, vigilância e perseverança – lembrou Jorge Mario Bergoglio aos religiosos sul-coreanos.

Depois, o papa Francisco encontrou-se com 150 representantes leigos da Igreja Católica sul-coreana, tendo-os desafiado a "ir mais além", a ajudar os pobres e a se esforçarem para que todas as pessoas possam ter a "dignidade de ganhar o pão e manter as suas famílias".

Em seu discurso, falou "do matrimónio" nos tempos actuais, qualificando o presente como "uma época de grande crise para a vida familiar".

Francisco iniciou na quinta-feira uma viagem de cinco dias à Coreia do Sul, a primeira que um papa faz em 25 anos àquele país, que tem 5,4 milhões de católicos, mais de 10% da população total. Hoje, antes do encontro com pessoas com mobilidade reduzida, ele beatificou 124 mártires na praça Gwanghwamun, no centro de Seul, numa cerimônia assistida por centenas de milhares de pessoas. 


O papa visitou ainda um cemitério de fetos abortados ao se deslocar ao centro católico de Kkottongnae, no terceiro dia da sua visita à Coreia do Sul. Francisco passou junto ao Jardim Taeahdongsan, onde se pode ver uma estátua da Sagrada Família rodeada de centenas de cruzes brancas de madeira que pertencem àqueles que "não nasceram", tendo orado em silêncio. 
Na Coreia do Sul há uma taxa elevada de abortos e, segundo os dados oficiais publicados em 2005, foram praticadas nesse ano 340.000 interrupções voluntárias de gravidez, tendo nascido apenas 440.000 crianças. A lei sul-coreana do aborto estabelece que, em caso de violação, incesto, perigo para a saúde da mãe ou doenças hereditárias há um prazo máximo de 24 semanas desde a concepção para que seja possível praticar o aborto.

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